Já vos falei do Outono polaco?

Um facto que será ainda desconhecido para alguns é que estou de volta à Polónia – sim, de volta, já que esta é a segunda vez que tenho um canto aqui na Polska.

Uma das coisas que conheci da primeira vez, em 2013, foi o Outono Dourado. O nome diz tudo e ainda assim sinto que é redutor, mas a verdade é que o Outono polaco merecia mesmo uma medalha de ouro.

Estou habituada a que, em Portugal, o verde me rodeie o ano todo. E essa é uma das razões pela qual o Inverno é tão difícil aqui na Polónia: o frio nem faz confusão, mas a falta de luz e a Natureza morta queimam-me a alma. No entanto, mesmo antes das árvores se despirem para uma espécie de “Inverno com o morto”, algo maravilhoso acontece: o Outono.

Gosto dele pela surpresa dos dias amenos de Outubro, pela fruta e vegetais da época, pelo chá que volta a saber tão bem quentinho. Mas, na Polónia, vai muito além disso. As árvores começam a morrer e, a Natureza que me perdoe, mas é um espectáculo do outro mundo. Além disso, aqui no Norte da Polónia, a floresta vai até ao mar, qual silencioso manto de fogo a estender-se sobre o gelo.

Aquele castanho, vermelho, laranja e amarelo com que pintávamos os desenhos outonais na escola tornam-se reais, cobrem as montanhas, cobrem a costa junto ao mar, rodeiam-nos de uma forma que nos faz sentir entre família.

E isto é tão panisgas quanto parece: no meio destas árvores, sinto-me ao pé de uma fogueira a fogo fraco, com castanhas e sal ainda a saltitar, sinto-me na cozinha a cheirar uma abóbora que se transforma em papas e é regada a canela. Junto ao mar, quase  em casa! Será que podia pedir mais?

Arriscaria dizer que esta é a minha estação favorita, aqui na Polónia. No entanto, aqui em cima, não posso esquecer o alívio de ver a Primavera chegar.

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